ORGANIZAÇÃO DOS TEXTOS ORAIS E ESCRITOS


Recorde a definição do papel fórico e do papel dêitico na linguagem, para responder a esta questão.

 

Papel fórico - Trata-se da função das formas remissivas de retomar um referente já expresso (anáfora) ou de referir-se a um referente introduzido depois dela na superfície textual (catáfora).

Papel dêitico - Trata-se da função de mostrar ou de apontar para fora do universo textual, ou seja, para a situação concreta de enunciação. (MARTINS, 2011, p.51).

 

Considerando o estudo referente a esse assunto, analise as situações a seguir observando se o elemento sublinhado tem papel fórico (anáfora ou catáfora) ou papel dêitico, identificando a forma remissiva e o referente.

 

A) Situação comunicativa: na sala de aula, uma aluna manda um bilhete para a colega com os seguintes dizeres: “Eu vou estudar para a prova, você vai? ”.

 

B) Situação comunicativa: na sala de aula, um aluno manda um bilhete para o colega com os seguintes dizeres: “O professor explica bem, mas ele não vai corrigir os exercícios?”.

 

C) Situação comunicativa: na sala de aula, o professor, no início da aula, diz: “Tudo foi realizado conforme combinado: as questões foram postadas, o resumo das explicações foi disponibilizado na página do aluno e o gabarito será entregue neste momento”.

 

A partir das observações e dos estudos acerca do assunto, analise as seguintes afirmações.

 

I- Na situação A, o papel do elemento grifado é dêitico, tendo em vista que a forma remissiva “você” aponta para um referente fora do enunciado, no caso está se referindo à leitora do bilhete.

II- Na situação A, o papel do elemento grifado é fórico, na medida em que a forma remissiva “você” aponta para um referente que está dentro da situação apresentada.

III- Na situação B, o papel do elemento grifado é fórico, sendo um caso de anáfora, pois a forma remissiva “ele” aponta para um referente dentro do enunciado. No caso, está se referindo à expressão “o professor”.

IV- Na situação C, o papel do elemento grifado é fórico, sendo um caso de catáfora, já que a forma remissiva “Tudo” aponta para o referente que está dentro do enunciado e o precede: “as questões foram postadas, o resumo das explicações foi disponibilizado na página do aluno e o gabarito será entregue neste momento”.

 

São corretas as afirmativas contidas na alternativa:

 


I, II e III, apenas
I e III, apenas
I, III e IV
I e IV, apenas
I, II, III e IV

Leia o trecho, a seguir, extraído da canção “Bala perdida”, de Gabriel o Pensador:

 

Bala perdida

             Gabriel o Pensador

Bom dia, mulher
Me beija, me abraça, me passa o café
E me deseja "Boa sorte"
Que seja o que Deus quiser
Porque eu tô indo pro trabalho com medo da morte
Nessas horas eu queria ter um carro-forte
Pra poder sair de casa de cabeça erguida
E não ser encontrado por uma bala perdida
Querida, eu sei que você me ama
Mas agora não reclama, eu tenho que ir
Não se esqueça de botar as crianças debaixo da cama na hora de dormir
Fica longe da janela e não abre essa porta, não importa o motivo
Por favor, meu amor, eu não quero encontrar você morta [...]”

 

(Fonte: PENSADOR, Gabriel o. Bala perdida. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2018.)

 

Sabemos que vocativo "é um termo da oração – palavra ou expressão, que põe em destaque a pessoa ou coisa a quem se dirige a palavra. É um termo isolado dentro da oração, ou seja, não faz parte nem do sujeito nem do predicado. É usado para chamar pelo nome, apelido ou característica, o ser com quem se fala". (SIGNIFICADOS, 2018, p.1).

 

Entendendo que as expressões “mulher” e “querida”, na canção, são vocativos, podemos considerar que:

 


são dêiticos, isto é, estratégias preferenciais de referenciação, porque retomam referentes anafóricos constantes na superfície textual.
são dêiticos, pois exercem o papel fórico, uma vez que retomam um referente já introduzido na superfície textual, num processo catafórico.
são elementos dêixis, haja vista que nada tem a ver com superfície textual, exercendo o caráter anafórico da linguagem.
são dêiticos, isto é, palavras ou expressões que, não tendo um valor referencial próprio, remetem para a situação concreta de comunicação em que é produzido o texto.
são elementos catafóricos, pois têm papel fórico na superfície textual, remetendo a elementos que vêm posteriormente, haja vista sua semântica.

No capítulo “A tessitura dos textos orais e escritos: processos de referenciação”, você estudou sobre a referência situacional (exófora) e a textual (endófora). Baseando-se nesse estudo, avalie as situações a seguir identificando se o elemento grifado tem papel fórico – anáfora ou catáfora – ou papel dêitico.

 

Situação comunicativa A): na sala de costura de uma malharia, uma costureira manda um bilhete para a colega com os seguintes dizeres: “Se eu ganhasse na loteria esportiva, estaria em outro lugar: Havaí, Cancun ou Porto Seguro". Analise o enunciado do bilhete, considerando a expressão “outro lugar”.

 

Situação comunicativa B): na sala de costura de uma malharia, uma costureira manda um bilhete para a colega com os seguintes dizeres: “Amanhã faltarei ao trabalho para ir ao jogo do flamengo, você vai?”. Analise o enunciado do bilhete, considerando a expressão “você”.

 

Situação comunicativa C): na sala de costura de uma malharia, uma costureira manda um bilhete para a colega com os seguintes dizeres: “A chefe está cada vez mais chata, também ela não tem o que fazer!”. Analise o enunciado do bilhete, considerando a expressão “ela”.

 

A partir de suas análises, avalie as afirmativas a seguir, colocando V para verdadeiro e F para falso.

            

(   ) No enunciado da situação comunicativa A, a forma remissiva “outro lugar” aponta para os referentes (Havaí, Cancun ou Porto Seguro) que estão no enunciado. Como a forma remissiva (outro lugar) precede os elementos de referência (Havaí, Cancun ou Porto Seguro), trata-se de uma catáfora – papel fórico.       

   

(   ) No enunciado da situação comunicativa B, a forma remissiva “você” aponta para um referente fora do enunciado, no caso está se referindo à leitora do bilhete, por isso constitui-se como um dêitico.

 

(   ) No enunciado da situação comunicativa C, a forma remissiva “ela” aponta para um referente (A chefe) que está no enunciado. Como o referente está antes da forma remissiva (ela), trata-se de uma anáfora – papel fórico.       

   

(  ) Nos enunciados da situação comunicativa A e da situação comunicativa C, percebemos a presença de formas remissivas que apontam para elementos que estão fora dos enunciados, por isso as duas constituem dêiticos.     

     

(   ) No enunciado da situação comunicativa C, a forma remissiva “A chefe” aponta para um referente (ela) que está no enunciado. Como o referente está depois da forma remissiva (A chefe), trata-se de uma anáfora – papel fórico.           

 

A sequência correta é:

 


F, V, F, V, F
V, V, V, V, V
V, V, V, F, F
F, F, F, F, F
V, F, F, F, F 

Considerando as diferenças existentes entre linguagem oral e linguagem escrita, marque a alternativa que representa uma inadequação da linguagem usada ao contexto apresentado.

 


“Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação”. – alguém comenta em uma reunião de trabalho.
“E ai, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala para um amigo.
“Porque a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros.” – um professor universitário em um congresso internacional.
“O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – fala de um pedestre que assistiu ao acidente e está comentando com outro que está passando pelo local.
“Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa.” – alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.

Leia o trecho a seguir.

 

Certos assuntos não se esgotam num único escrito. Adultério, sogra, velório são alguns. Assim como os diferentes significados de palavras e expressões linguísticas, conforme as regiões, as épocas e as culturas em que são empregadas. (MAMEDE, 2002, p.1).

 

Em relação aos processos de referenciação, considerando as palavras grifadas, podemos afirmar o seguinte:

 

A expressão “certos assuntos” é forma remissiva catafórica dos referentes “adultério, sogra e velório”. A expressão “certos assuntos” é forma remissiva anafórica dos referentes “adultério, sogra e velório”. A expressão “certos assuntos” é forma remissiva com papel dêitico. As expressões “adultério, sogra e velório” são formas remissivas anafóricas do referente “certos assuntos”.

 

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:


1 e 2, apenas.
1, 2 e 3, apenas.
1, apenas.
2, apenas.
1, 2, 3 e 4

Leia o fragmento a seguir:

 

“Os haitianos são o principal grupo de imigrantes no Brasil nos últimos sete anos. Em 2016, eles somavam quase 81 mil pessoas. Desde 2013 os haitianos são maioria no fluxo de migrantes. Em 2016 representavam 34,3% do total de entradas. Em segundo lugar estão os bolivianos que registram 60,8 mil pessoas.”

 

(Fonte: G1. Política. Disponível em: < https://g1.globo.com/politica/noticia/entrada-de-imigrantes-no-brasil-caiu-23-em-dois-anos-efeito-da-crise-politica-e-economica-diz-estudo.ghtml>. Acesso em: 03 abr. 2018.)

 

Em relação aos processos de referenciação, considerando as palavras grifadas, podemos afirmar o seguinte:

 

1. A segunda expressão “os haitianos” é forma remissiva do referente “os haitianos” (primeira expressão). Neste caso há uma estratégia de referenciação textual com expressão nominal definida.

 

2. A expressão “eles” é forma remissiva do referente “Os haitianos”. Neste caso há uma estratégia de referenciação textual pelo uso de pronome.

 

3. A segunda expressão “os haitianos” é forma remissiva do referente “os haitianos” (primeira expressão). Neste caso há uma estratégia de referenciação textual com repetição do mesmo item lexical.

 

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:


2, apenas
1, 2 e 3 
1 e 3 
1, apenas
2 e 3

Antônio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior, foi um grande compositor brasileiro. Sua canção “Como nossos pais” foi interpretada por Elis Regina, em 1976. Composta e lançada no período de ditadura, a canção retrata a repressão vivida pela juventude da época, bem como suas esperanças. Leia-a:

 

Como nossos pais

                            Belchior

Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa

Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua,
é que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz

Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração

Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais

Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não se enganam, não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tou por fora ou então que tou inventando
Mas é você que ama o passado é que não vê
É você que ama o passado é que não vê
Que o novo sempre vem

Hoje eu sei que quem deu me deu a ideia de uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais  

(Fonte:Letras.mus)

 

Os fatores que desencadeiam o processo de mudança nas línguas foram considerados princípios empíricos pela teoria da mudança linguística (WEINREICH, LABOV E HERZOG, 2006). Na canção de Belchior, podemos perceber algumas palavras (em negrito) que caminham para uma mudança linguística, a partir do princípio de:

 


encaixamento
implementação
fator condicionante
avaliação
transição

Os trechos, a seguir, foram extraídos da canção “Pátria que me pariu”, de Gabriel o Pensador, leia-os:

 

Pátria que me pariu

               Gabriel o pensador

A criança é a cara dos pais, mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança
“Num futuro melhor, um emprego, um lar?
Sinal vermelho, não dá tempo pra sonhar
Vendendo bala, chiclete
(Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu não vou virar ladrão se você me der um leite e pão
Um vídeo game e uma televisão
Uma chuteira e uma camisa do Mengão

Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho

Vou pra copa, vou pra Europa”

Coitadinho! Acorda moleque! Cê num tem futuro!
Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro! Você não tem defesa, então ataca![...]
 

[...] Mostra tua cara, moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck

Vendendo Brizola e crack
Nunca joga bola mais tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue bom
É melhor correr, que lá vem o camburão
É matar ou morrer! São quatro contra um!
(Eu me rendo!) Bum! Clá! Clá! Bum! Bum! Bum!

Boi, boi, boi da cara preta, pega essa criança com um tiro de escopeta [...]
 

(Fonte: https://genius.com/Gabriel-o-pensador-patria-que-me-pariu-lyrics)

 

Você estudou acerca do fenômeno linguístico que ocorreu na ilha de Martha’s Vineyard e que, segundo Tarallo (1986, p.14), “atitudes linguísticas são as armas usadas pelos residentes para demarcar seu espaço, sua identidade cultural, seu perfil de comunidade, de grupo social separado”.

 

Considerando essa afirmativa, o conhecimento de mundo partilhado acerca da realidade brasileira e os estudos feitos, podemos afirmar que as variáveis linguísticas encontradas na canção de Gabriel o Pensador:

revelam a forma de falar das comunidades, que vivenciam situações de descaso social e medo da violência. constituem a forma de falar de classes menos favorecidas, apresentando uma forma de língua estigmatizada socialmente. apresentam uma forma de falar que demarca o espaço e a identidade cultural do falante (eu lírico da canção), evidenciando o perfil da comunidade a que pertence. apresentam uma forma de falar que demarca a identidade cultural do falante, contribuindo para que o eu lírico se posicione ideologicamente, ironizando as situações narradas na canção.

 

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:

 


1 e 2
1 e 3
1, 2, 3 e 4
1, 2 e 3
3 e 4
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